quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Have you ever wondered?

"We're adults. When did that happen? And how do we make it stop?"

Is there an answer...?

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Esquece


Esquece. Esquece a amargura, os atropelos, o cançaso. E as maledicências, as traições, os rancores. Esquece o trabalho que te traz em alvoroço e os fracassos de uma vida inteira e os seus projectos falhados para antes de começarem a ser projectos. E as invejas, as calúnias, as insídias como dentes por entre o sorriso. Esquece. E sê contente. E respira.


Vergílio Ferreira

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Passo a passo ...

"Por vezes o destino é como uma pequena tempestade de areia que não pára de mudar de direcção. Tu mudas de rumo, mas a tempestade de areia vai atrás de ti. Voltas a mudar de direcção, mas a tempestade persegue-te, seguindo no teu encalço. Isto acontece uma vez e outra e outra, como uma espécie de dança maldita com a morte ao amanhecer. Porquê? Porque esta tempestade não é uma coisa que tenha surgido do nada, sem nada que ver contigo. Esta tempestade és tu. Algo que está dentro de ti. por isso, só te resta deixares-te levar, mergulhar na tempestade, fechando os olhos e tapando os ouvidos para não deixar entrar a areia e, passo a passo, atravessá-la de uma ponta a outra. Aqui não há lugar para o sol nem para a lua; a orintação e a noção de tempo são coisas que não fazem sentido. Existe apenas areia branca e fina, como ossos pulverizados, a rodopiar em direcção ao céu. É uma tempestade de areai assim que deves imaginar.
E não há maneira de escapar à violência da tempestade, a essa tempestade metafísica, simbólica. Não te iludas: por mais metafísica e simbólica que seja, rasgar-te-á a carne como mil navalhas de barba. O sangue de muita gente correrá, e o teu juntamente com ele. Um sangue vermelho, quente. Ficarás com as mãos cheias de sangue, do teu sangue e do sangue dos outros.
E quando a tempestade tiver passado, mal te lembrarás de ter conseguido atravessá-la, de ter conseguido sobreviver. Nem sequer terás a certeza de a tormenta ter realmente chegado ao fim. Mas uma coisa é certa. Quando saíres da tempestade já não serás a mesma pessoa. Só assim as tempestades fazem sentido."

in "Kafka à beira-mar" de Haruki Murakami